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A pesquisa Interpreneur: Entende as tendências das empresas de médio porte no Brasil

Recentemente, publicámos um relatório sobre as tendências empresariais no Brasil, destacando que a atividade económica cresceu 2,45% em 2023, ultrapassando as previsões iniciais de um progresso lento devido às elevadas taxas de juro. Inicialmente, os economistas privados previam um crescimento inferior a 1% para o ano. No entanto, o banco central brasileiro prevê uma expansão de 2,9%.

Para compreender de que forma este panorama afecta as empresas de média dimensão, realizámos recentemente um inquérito a 1400 líderes empresariais de 14 países, em empresas do sector privado que ganham até 300 milhões de libras por ano e que se expandiram internacionalmente. Chamamos a estes directores executivos “interpreneurs”.

Analisámos os dados brasileiros para compreender melhor o que motiva os empresários brasileiros a expandir-se para o estrangeiro.


O relatório “A pesquisa Interpreneur da Kreston Global” traz insights riquíssimos sobre a visão dos líderes que impulsionam o ambiente econômico brasileiro e fortalecem a competitividade do país no contexto internacional por meio da expansão de seus negócios para além das fronteiras nacionais. Entre os destaques, vale citar o fato de que o crescimento econômico do país – acima das expectativas iniciais do mercado – se reflete, por exemplo, no otimismo de executivos e empresários em relação à expansão internacional de suas empresas nos próximos 12 meses.

Tatiana Luciana Andrade
Tatiana Andrade
Parceiro,
KBW Auditores, Brasil


Tendências de negócios no Brasil: Os líderes empresariais acreditam que mais empresas se expandirão para o exterior nos próximos 12 meses?

Aumenta significativamente 42%
Aumenta moderadamente 50%
Sem alterações 5%
Diminui moderadamente 3%
Diminui significativamente 42%
Não tens a certeza 1%

Líderes empresariais brasileiros esperam que a expansão dos negócios no exterior aumente

Com 92%, o Brasil é um dos países mais optimistas do mundo e acredita que a expansão global está a aumentar. Apenas 3% pensam que vai haver uma diminuição.


Para quais países as empresas brasileiras de médio porte preferem se expandir?

América do Norte (por exemplo, EUA, Canadá, México, etc.) 66%
Europa Ocidental (por exemplo, Alemanha, França, Reino Unido, etc.) 50%
América do Sul (por exemplo, Brasil, Chile, Colômbia, etc.) 46%
Norte da Ásia (por exemplo, China, Japão, Coreia, etc.) 20%
Europa Oriental (por exemplo, Polónia, Hungria, Roménia, etc.) 18%
Austrália/Nova Zelândia 13%
Ásia do Sul (por exemplo, Tailândia, Vietname, Singapura, etc.) 12%
África 10%
Médio Oriente 8%

A América do Norte é a escolha número um do Brasil para a expansão de negócios globais

Não é surpreendente que 66% dos inquiridos indiquem a América do Norte como o local número um para a expansão do seu negócio, e não estão sozinhos. A nível mundial, quase metade dos inquiridos concordou que os EUA estavam na mira da sua expansão.

Apenas a China e o México mostraram uma preferência mais forte do que o Brasil para estabelecer um negócio nos EUA.

A América do Sul está no radar com uma pontuação de 46%, no entanto, as empresas brasileiras não têm medo de se tornarem verdadeiramente globais, e as fortes relações comerciais com a UE reflectem-se no facto de 50% estarem a considerar expandir-se para a Europa Ocidental.


De acordo com a pesquisa, nada menos que 92% dos líderes esperam crescer internacionalmente no período, sendo a América do Norte o principal destino visado nesse movimento de expansão. Para 64% dos executivos, o principal benefício do crescimento internacional é o aumento da lucratividade, o que justifica inclusive a superação de desafios, como a busca pelos melhores parceiros de negócios e a volatilidade comum ao mercado brasileiro (dois dos pontos mais citados pelos interempreendedores).

Tatiana Luciana Andrade
Tatiana Andrade
Parceiro,
KBW Auditores, Brasil


O que torna um país mais atraente para as empresas brasileiras que querem se expandir globalmente?

Infra-estruturas tecnológicas e digitalização 50%
Perspectivas de crescimento económico futuro 50%
Acordos comerciais favoráveis (por exemplo, zonas de comércio livre, parcerias diplomáticas ou tratamento pautal preferencial) 48%
Alinhamento com a estratégia de crescimento a longo prazo (por exemplo, investimento regional em sectores específicos) 40%
Políticas fiscais favoráveis 39%
Competências e talentos (por exemplo, disponibilidade de talentos locais e abertura à imigração de talentos qualificados) 33%
Apoio governamental (por exemplo, subsídios, incubadoras e programas de orientação) 28%
Ambiente regulamentar transparente 25%
Proximidade geográfica das operações existentes 18%
Semelhança cultural e linguística com as operações existentes 12%

Perspectivas de crescimento económico principal atrativo

Ao considerarem o que torna um país mais atrativo para expandir, os inquiridos do Brasil valorizaram mais as infra-estruturas tecnológicas e a digitalização do que todos os países e a cultura e a língua semelhantes como o menos importante, que foi também o mais baixo de todos os países.

70% dos inquiridos afirmaram que a sua empresa foi motivada para se expandir internacionalmente principalmente pelas oportunidades de crescimento do mercado. Esta foi a pontuação mais elevada por país, sendo os líderes empresariais brasileiros os menos interessados nas vantagens da cadeia de abastecimento de todos os países, o que sugere um elevado nível de confiança nos recursos existentes no Brasil. No entanto, apesar de ser uma pontuação inferior à do crescimento do mercado, os inquiridos também tiveram a reação mais forte de todos os países ao acesso a tecnologias digitais e à inovação, o que reforça o argumento de que o mercado brasileiro pode estar a perder estes recursos.


O que motiva os empresários brasileiros a se internacionalizarem?

Quais foram as principais motivações para a expansão internacional da tua empresa? [Select up to three]
Oportunidades de crescimento do mercado: Aceder a novos segmentos de clientes 70%
Acesso às tecnologias digitais e à inovação 55%
Vantagem competitiva: Ganhar uma posição em novos mercados antes dos rivais 40%
Diversificação: Reduzir a dependência de um único mercado 31%
Incentivos governamentais no país de acolhimento (incluindo quadro regulamentar e incentivos fiscais) 18%
Aquisição de talentos: Recrutamento de trabalhadores qualificados a partir de um conjunto mais vasto 17%
Otimização de custos: Aproveita os custos de produção/recursos mais baixos 16%
Recursos: Oportunidades de fabrico, cadeia de fornecimento ou outros recursos 10%
Rede pessoal existente no estrangeiro 10%

Fica claro que, apesar da volatilidade dos mercados, as empresas brasileiras ainda podem obter mais lucros expandindo internacionalmente, com 64% dos entrevistados dizendo que um dos maiores benefícios que suas empresas encontraram após a expansão internacional foi o aumento da lucratividade.


Quais são os maiores desafios da expansão internacional em 2024 segundo os interempreendedores brasileiros?

Os 3 maiores desafios durante o processo de expansão internacional
Encontrar os parceiros locais certos (por exemplo, construir relações fiáveis e de confiança) 50%
Adaptar a logística e as questões da cadeia de abastecimento (por exemplo, gerir o transporte marítimo internacional, a distribuição e a comunicação) 44%
Navega pela regulamentação fiscal global (por exemplo, preços de transferência, dupla tributação, IVA) 33%

Encontrar parceiros locais é um desafio para fazer negócios internacionais, dizem CEOs brasileiros

Metade (50%) afirmou que um dos maiores desafios de expansão internacional enfrentados pelas empresas durante o período foi encontrar os parceiros locais certos (por exemplo, construir relações de confiança), destacando uma oportunidade para as redes dos EUA prestarem serviços distintos de apoio às empresas brasileiras para expandir para a região.


Risco: Quais são, na opinião dos CEOs brasileiros, os maiores riscos para a expansão global dos negócios em 2024?

Qual o grau de risco que os seguintes factores representam para a expansão internacional da tua empresa ou para a expansão internacional planeada?

Aumento das tensões geopolíticas e da instabilidade Risco de perturbação 15%
Risco significativo 22%
Risco moderado 30%
Risco mínimo 18%
Sem risco 15%
Não tens a certeza / Não aplicável 0%
Abrandamento económico ou recessão Risco de perturbação 9%
Risco significativo 25%
Risco moderado 35%
Risco mínimo 23%
Sem risco 7%
Não tens a certeza / Não aplicável 1%
Mercado financeiro e volatilidade cambial Risco de perturbação 4%
Risco significativo 34%
Risco moderado 31%
Risco mínimo 20%
Sem risco 11%
Não tens a certeza / Não aplicável 0%
Ameaças à cibersegurança e violações de dados Risco de perturbação 13%
Risco significativo 23%
Risco moderado 27%
Risco mínimo 23%
Sem risco 14%
Não tens a certeza / Não aplicável 0%
Escassez de talentos e falta de mão de obra qualificada Risco de perturbação 4%
Risco significativo 25%
Risco moderado 24%
Risco mínimo 31%
Sem risco 16%
Não tens a certeza / Não aplicável 0%
Perturbação tecnológica causada pela IA e pelas novas tecnologias Risco de perturbação 3%
Risco significativo 25%
Risco moderado 29%
Risco mínimo 25%
Sem risco 17%
Não tens a certeza / Não aplicável 1%
Perturbações ambientais e condições meteorológicas extremas Risco de perturbação 4%
Risco significativo 22%
Risco moderado 31%
Risco mínimo 31%
Sem risco 11%
Não tens a certeza / Não aplicável 1%

A volatilidade do mercado ainda preocupa as empresas brasileiras

Ao considerar os maiores riscos para a expansão global das empresas, 38% dos inquiridos brasileiros consideraram que a volatilidade do mercado financeiro e do câmbio representa um risco perturbador ou significativo para a expansão internacional da sua empresa ou para a expansão planeada.

37% consideraram que a escalada das tensões geopolíticas e a instabilidade representam um risco perturbador ou significativo e outros 36% consideraram que este risco advém das ameaças à cibersegurança e das violações de dados.

Os líderes empresariais brasileiros são os menos preocupados com a escassez de talentos e de mão de obra qualificada, apesar de, nos últimos anos, ter sido sugerido que o Brasil está a enfrentar uma escassez crítica de mão de obra em sectores e serviços essenciais, como a saúde e as TIC, tal como indicado na base de dados “Skills for Jobs” da OCDE de 2018.


Private Equity vs Venture Capital: Qual é a fonte de financiamento preferida para a expansão internacional das empresas brasileiras?

Investidores privados (incluindo os HNWI) 64%
Capital de risco ou capital privado 42%
Mercados de capitais (ou seja, IPO) 39%
Regimes de participação dos trabalhadores no capital 31%
Financiamento governamental 30%
Aquisição pela direção 29%
Financiamento coletivo 18%
Dívida 5%
Nenhuma das anteriores 2%

Investidores privados oferecem às empresas brasileiras uma forma mais rápida e flexível de financiar a expansão internacional

À semelhança de outras novas economias em rápido crescimento que analisámos, a fonte de financiamento preferida para a expansão internacional nomeada pelas empresas brasileiras foram os investidores privados, o que oferece às empresas jovens e em expansão uma forma flexível de crescer rapidamente.


Fiscalidade: A direção compreende as regras fiscais globais?

Qual é o teu grau de confiança na tua compreensão das regras fiscais internacionais globais (por exemplo, preços de transferência, IVA) que regem as empresas multinacionais?
Extremamente confiante: Tenho um conhecimento profundo das regras fiscais globais e das suas implicações para as empresas multinacionais 37%
Confiante: Tenho uma boa compreensão dos princípios fundamentais e consigo navegar em cenários comuns, mas posso procurar orientação externa para situações complexas 60%
Não estás muito confiante: Os meus conhecimentos sobre as regras fiscais globais são limitados e dependo muito de consultores externos para obter orientações e análises 3%

Líderes empresariais brasileiros estão muito confiantes em relação às regras globais de tributação

Com 97% de confiança na compreensão das regras fiscais globais, mas com um desafio significativo na perceção de encontrar os parceiros certos para apoiar a expansão global, os empresários brasileiros devem desenvolver as relações de que necessitam para os ajudar a navegar num cenário complexo para as empresas internacionais.


A importância do ESG para investidores e empreendedores brasileiros

Damos / daríamos prioridade a ESG 36%
Valorizamos / valorizaríamos o ESG, mas não seria a nossa principal prioridade 32%
Consideramos / consideraríamos as práticas ESG, mas apenas se não interferirem com as nossas outras prioridades 26%
Não consideramos / não consideraríamos fortemente as práticas ESG 4%
Não consideramos / não consideraríamos de todo as práticas ESG 1%
Não tens a certeza 1%

Brasil no meio do campo colocando ESG como prioridade

A importância do ESG para os investidores e empreendedores brasileiros ficou em um ponto intermediário entre os países pesquisados. Apenas um pouco mais de um terço das empresas brasileiras considera o impacto do ESG na expansão dos seus negócios, quase metade do que a China, membro dos BRICS, que tinha 64% dos inquiridos a dar prioridade ao ESG, mas mais do dobro da Espanha, com apenas 14%. Talvez esta situação continue a melhorar à medida que a legislação ESG emergente do Brasil e as sanções dos parceiros da UE aumentem para cumprir os objectivos de zero emissões líquidas em 2050.


Tendências de negócios no Brasil: Os benefícios da IA nas operações comerciais internacionais

Em que medida concordas ou discordas da seguinte afirmação: “Sinto-me preparado para aproveitar os benefícios da IA nas operações comerciais globais nos próximos dois anos?
Concorda plenamente 59%
Concorda um pouco 37%
Não concordas nem discordas 4%

Empresas brasileiras confiantes no uso da IA em operações globais

O mercado brasileiro considera que os benefícios da IA nas operações comerciais internacionais são um elemento-chave da expansão global. Nenhum inquirido dos EUA, Brasil, China, México ou Nigéria disse sentir-se despreparado e o Brasil está entre os 5 países mais confiantes.


Vale destacar que quase 60% dos executivos afirmaram estar preparados para utilizar inteligência artificial em seus processos de expansão – o que mostra a maior abertura do país para o processo de transformação digital. Como alerta, fica clara a necessidade de avançar com a priorização das políticas ESG, um passo que pode ser decisivo para os líderes que pretendem iniciar uma jornada de sucesso nos mercados internacionais.

Tatiana Luciana Andrade
Tatiana Andrade
Parceiro,
KBW Auditores, Brasil


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